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Boaventura, Professor Honoris Causa da UFOP, faz provocações e convites à reflexão

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Antonio Laia
Alunos, professores e técnico-administrativos da UFOP foram conferir de perto as mais recentes reflexões do escritor, jurista e professor Boaventura de Sousa Santos acerca da nossa jovem democracia, das Epistemologias do Sul e de outros conceitos cunhados por um dos mais renomados autores da atualidade em produção teórica. A Sociologia das Ausências, a Sociologia das Emergências e a Ecologia de Saberes, a linha abissal, o pensamento pós-abissal e o epistemicídio são alguns desses conceitos. 
 
O professor Boaventura fez a palestra "As Epistemologias do Sul", depois de receber, na tarde de segunda (24), o título de "Professor Honoris Causa" da Universidade Federal de Ouro Preto. A honraria é utilizada quando uma universidade deseja conceder um título de honra para uma personalidade de grande destaque ou importância por seu trabalho. 
 
Para compor a mesa do evento, estiveram presentes o reitor em exercício, Hermínio Arias Nalini Júnior - que entregou o título a Boaventura -, representantes das pró-reitorias e das unidades acadêmicas, entre outros, além dos envolvidos diretamente na organização, como a diretora do ICHS, Margareth Diniz, e representantes da UFMG e PUC-MG, também organizadores da vinda de Boaventura ao Brasil. Esta semana, Boaventura também estará em Belo Horizonte para ações e atividades nas duas universidades e com movimentos sociais. 
 
O reitor em exercício, Hermínio Nalini, destacou que, com a concessão da honraria, o professor Boaventura agora pertence à Universidade. Boaventura retribuiu a acolhida, disse sentir-se honrado com título e comprometeu-se a dar sua contribuição e regressar a Ouro Preto e à Universidade. A apresentação da obra de Boaventura foi feita pela professora da UFMG, Nilma Lino Gomes, coordenadora do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, no governo da presidenta Dilma Rousseff, e foi aluna do professor Boaventura. Antes da palestra, a cantora Tamara Franklin fez uma apresentação musical. A composição apresentada fazia uma referência às lutas e ao empoderamento dos movimentos sociais. 
 

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Antonio Laia
A música de Tamara tem a influência de cantos africanos
 
LUTAS - A professora Nilma Lino destacou o envolvimento de Boaventura nas lutas emancipatórias, nos acontecimentos acadêmicos, culturais e artísticos, no movimento negro e nos movimentos sociais, remetendo-as às questões brasileiras. "Embora Boaventura cuide do mundo, ele tem uma relação diferente com a Brasil", ressaltou, completando que a relação com os brasileiras "é intelectual, política, epistemológica e também emocional. "Depois que o conheci, passei a acreditar na recuperação da esperança", assinalou. Para a professora, o sonho de um mundo melhor é possível, que pode se dar também por meio da luta e da construção da educação. 
 
EPISTEMOLOGIAS DO SUL - Aprender que existe o Sul, aprender a ir para o Sul, e aprender a partir do Sul e com o Sul. Essas são as três orientações da teoria. Inicialmente, Boaventura mostrou a importância da história para explicar que devemos conhecer o que nos antecedeu em processos de construção do futuro. No passado, somente os escritores davam conta das "questões sociais" e não se conheciam realidades de outras partes do mundo. No século XX, um rico conhecimento foi criado na América Latina; porém, estamos no século XXI, mas não temos modelos de desenvolvimento de sociedade. Revolução e a reforma não estão na agenda dos países. Hoje, a agenda é só a defesa do que já se conquistou. Não há revolução, não há reforma", lamenta e provoca. 
 
Durante a palestra, Boaventura fez várias reflexões e provocações. Veja algumas delas: 
 
- Como chegamos aqui e como podemos sair daqui? O neoliberalismo impõe que não há uma alternativa. 
- O colonialismo não acabou, pois os excluídos atravessam a linha abissal todos os dias. 
- Os oprimidos atualmente são mais diversificados. Temos um pluralismo maior. 
- Vivemos tempos coloniais com imaginário não coloniais, da mesma forma que vivemos ditaduras com imaginário de não ditadura e escravidão com imaginário de não escravidão.  
- O conhecimento acadêmico precisa nutrir-se da riqueza dos saberes tradicionais
- Paulo Freire e o colombiano Orlando Fals Borda são importante teóricos cujas contribuições não podemos esquecer
- Temos que dialogar as epistemologias
- O contexto da América Latina e África são diferentes do restante do mundo. A América Latina é influenciada pelo imperialismo, pelos EUA e pela revolução cubana. 
- Estamos aqui para dar um passo. Um outro mundo é possível! 
 

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Antonio Laia
 
 
 

 
Assista também à entrevista com Boaventura de Sousa Santos no Plano Aberto desta terça (24), às 19h, na TV UFOP. 
 
Veja mais: 
 
 
 
 

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