A Universidade Federal de Ouro Preto, ao repudiar qualquer forma e ato de racismo, vem manifestar solidariedade à deputada Federal Célia Xakriabá e suas assessoras indígenas, que sofreram constrangimento proferido por alguns turistas em um restaurante localizado no centro histórico da cidade.
As raízes profundas do Brasil Colônia que naturalizavam uma falsa inferioridade dos indígenas que aqui viviam, incentivadoras de inúmeros genocídios tipificados ao longo de nosso doloroso processo civilizatório, infelizmente continuam vivas.
Isso significa que crises e sofrimentos experimentados ao longo dos anos ainda persistem, a exemplo do caso dos Yanomami, e constrangimentos rotineiros contra representações que lutam para que isso não mais ocorra, seja aqui, seja acolá. Por isso, não podemos aceitar o mínimo retrocesso de qualquer avanço conquistado ao longo desses anos.
O ato também pode estar carregado por aspectos de misoginia. Os mesmos opressores que tentam sufocar a ascensão das referências dos nossos povos originários, também tentam restringir o posicionamento das mulheres em posições de destaque.
Ouro Preto, símbolo da opressão contra os povos Bonrum Kren, que aqui viveram durante o Ciclo do Ouro, e ainda vivem, precisa virar a página do preconceito, não podendo ser mais palco da intolerância racial.
A esperança que manifestamos para essa mudança paradigmática, no entanto, se dá, por exemplo, na própria reação da proprietária e funcionários do restaurante onde ocorreu o episódio, colocando-se ao lado das indígenas, segundo relatos de membros de nossa comunidade que estavam presentes no local naquele momento constrangedor, o que nos fortalece a reforçar o clamor por justiça.
Cláudia Marliére – Reitora
Hermínio Nalini Junior – Vice-reitor