
Criado por João Henrique Ribeiro em ter, 15/04/2025 - 15:35 | Editado por Lígia Souza há 4 semanas.
Resultado de mais de 20 anos de pesquisa no Grupo de Físico-Química Orgânica (GFQO) da UFOP, a startup foi criada a partir do projeto de doutorado "Novos dispositivos filtrantes para água de consumo à base de biomassa quimicamente modificada", de Angelo Lucas Sobrinho, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (Proamb). No laboratório, a equipe atua na modificação química do bagaço de cana-de-açúcar — assunto no qual a UFOP é tida como vanguarda em todo o mundo —, tornando-o capaz de remover uma ampla variedade de contaminantes da água, como metais tóxicos (arsênio, cádmio, chumbo, mercúrio) e compostos orgânicos, incluindo medicamentos e corantes.
Os pesquisadores irão participar de uma capacitação com 80 horas oferecida pelo Catalisa ICT, após a qual serão selecionados 300 planos de inovação e, posteriormente, 150 na última etapa, com 30 deles recebendo bonificação de destaque pelos marcos alcançados. Nesse sentido, o Centro de Referência em Incubação de Empresas e Projetos de Ouro Preto (Incultec), a incubadora de empresas de base tecnológica e cultural da Universidade, será uma importante rede de apoio do projeto.
Com caráter interdisciplinar e vínculo acadêmico com a UFOP desde a graduação, a equipe da startup é composta, juntamente de Angelo, engenheiro mecânico e doutorando do Proamb, pelo professor do Departamento de Química (Dequi) Leandro Vinícius Alves Gurgele, orientador e pesquisador de excelência (integrante da lista dos 2% de pesquisadores mais citados do mundo na área de biotecnologia), e por Renato Leandro Oliveira, graduado em Administração e atualmente aluno de mestrado do Proamb.
Além da criação da AquaOuro, a equipe, comprometida com o ensino e a extensão, está articulando a proposta de uma nova disciplina extensionista voltada ao empreendedorismo de base científica, prevista para ser implementada no próximo período letivo. A iniciativa, conduzida pelo coordenador do Incultec, professor André Luís Silva, propõe um modelo adaptativo para diferentes programas e visa reconhecer atividades empreendedoras, como as desenvolvidas pela startup, como parte da formação acadêmica dos pós-graduandos. A expectativa é de que a disciplina incentive professores e estudantes a se engajarem em projetos de inovação, promovendo uma integração efetiva entre ciência e empreendedorismo.
De acordo com Angelo, é de extrema importância abrir espaço para esse tipo de atuação nos programas acadêmicos. "Acreditamos que ciência e empreendedorismo podem andar de mãos dadas, mas para que isso aconteça é necessário pensar em formas de viabilizar os trabalhos dos pesquisadores para que tenham o devido apoio e reconhecimento durante essas iniciativas, que atualmente são desenvolvidos sem legitimação acadêmica de fato".