
Criado por Pedro Vieira em sex, 21/03/2025 - 10:04 | Editado por Lígia Souza há 1 dia.
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O professor Sérvio conta que, antes da atual investigação, os pesquisadores utilizavam um protocolo padrão para estudar os protozoários causadores de diversas doenças. Esse protocolo impedia que os protozoários trocassem material genético entre si. Assim, os estudos anteriores não detectavam a formação de híbridos entre esses organismos, devido ao próprio método, que criava uma barreira à recombinação genética.
A partir da mudança de protocolo e da remoção dessa barreira, o pesquisador Tiago Serafim conseguiu observar um mecanismo natural de troca genética entre protozoários diferentes. Esse mecanismo é um processo evolutivo que permite a formação de híbridos, tendo, inclusive, implicações na saúde pública, uma vez que esses novos patógenos, resultantes da combinação de dois microrganismos, apresentam resistência a medicamentos. A descoberta tem grande importância evolutiva, pois sugere que os protozoários são capazes de se adaptar e evoluir de formas antes não reconhecidas.
O trabalho constatou também, pela primeira vez, que, quando se oferecia em laboratório uma segunda alimentação de sangue aos insetos transmissores de leishmaniose, por exemplo, a infecção seguia outro padrão. Esta tornava o contágio mais efetivo e menos variável no espectro do que se denomina "carga parasitária" — a quantidade de parasitas transferidos para o animal que tem seu sangue sugado pelo inseto. Os resultados, inéditos, revisam o entendimento do que vem a ser a propagação de doenças transmitidas por insetos hematófagos (aqueles que bebem o sangue humano).
Após ter sido pesquisador visitante do NIH por seis meses, o professor Sérvio Ribeiro passou a colaborar com o núcleo. Segundo ele, "sempre que uma pesquisa vai para a capa de uma edição, a revista está dizendo para ler aquele artigo antes de ler os outros", apontando para a boa qualidade do estudo publicado.