O estudo examinou a microbiota intestinal — um conjunto de bactérias presentes no intestino — de mulheres em pós-menopausa na cidade de Ouro Preto, revelando que essa microbiota tende a permanecer relativamente estável mesmo diante da queda dos níveis hormonais típicos desse período. Conduzida no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular (LBBM) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), sob a coordenação da professora Renata Guerra de Sá Cota, a pesquisa foi recentemente publicada na renomada revista acadêmica Plos One.
O objetivo foi entender se o tempo decorrido desde o início da pós-menopausa influenciaria, de forma significativa, a saúde intestinal. Mesmo diante das alterações hormonais, especialmente da queda dos níveis de estrogênio, a pesquisa identificou que a microbiota das participantes se manteve estável. Isso indica que apenas o tempo de pós-menopausa não é um fator determinante para mudanças progressivas na microbiota intestinal nesse grupo.
AVANÇO - Além da relevância científica, o estudo representa um avanço para a saúde da comunidade regional, ao envolver diretamente mulheres da própria cidade. A pesquisa foi planejada com foco nas necessidades reais da população do entorno da Universidade, promovendo uma ciência mais próxima da realidade local. Para uma das autoras do artigo, a doutoranda em Biotecnologia, Thayane da Silva, a participação das mulheres da comunidade foi fundamental para alcançar resultados mais justos, relevantes e inovadores. “A participação dessas mulheres traz maior representatividade e relevância social, traz inovação e qualidade científica e contribui também para a formação de redes de apoio, facilitando o desenvolvimento científico regional e o engajamento social”, explica.
Apesar de não terem ocorrido mudanças na microbiota intestinal da população estudada, os pesquisadores destacam que a diversidade bacteriana continua sendo um importante indicador de saúde. O estudo aponta caminhos como o diagnóstico personalizado e a atenção às características intestinais individuais como estratégias para prevenir agravos e melhorar a qualidade de vida das mulheres nessa fase da vida. A pesquisa abre portas para a promoção da saúde feminina, reforçando a importância da diversidade bacteriana intestinal. Os pesquisadores defendem a adoção de diagnósticos personalizados e estratégias preventivas que visem melhorar a qualidade de vida das mulheres.
Integrando análises microbiológicas, hormonais e bioquímicas, segundo os pesquisadores, o estudo fortalece a atuação da UFOP na pesquisa científica voltada à saúde pública, ao contribuir para o entendimento das relações entre a microbiota intestinal, menopausa e condições associadas, como obesidade e alterações hormonais, que impactam diretamente a saúde da mulher no climatério e pós-menopausa. Tal estágio de desenvolvimento do trabalho, ainda de acordo com os pesquisadores, posiciona a Instituição como centro de referência na investigação do eixo intestino-hormonal no envelhecimento feminino, contribuindo para políticas públicas de saúde que abordam doenças crônicas não transmissíveis e distúrbios metabólicos prevalentes em mulheres pós-menopáusicas, ampliando o impacto social e científico da Universidade.
AGENDA - A UFOP também vem promovendo, de forma contínua, eventos acadêmicos, seminários e encontros voltados ao climatério e à menopausa, demonstrando um compromisso institucional com a pesquisa e o cuidado com a saúde pública feminina. O estudo integra ainda uma agenda mais ampla de extensão, formação e pesquisa, com perspectiva de expansão para programas de pós-graduação e novas parcerias, garantindo sua continuidade e aprofundamento.
O artigo contou também com a participação dos técnicos administrativos Jennefer Oliveira e Lauro de Moraes; da professora do PPGBiotec, Izinara Rosse; e dos professores do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Aristóteles Góes-Neto e Vasco Azevedo.
Para ler o artigo na íntegra,
acesse.