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Pesquisadores da UFOP descrevem novo gênero de formiga-cortadeira em revista internacional

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Dirk van der Made: Wikimedia Commons
Um artigo publicado em dezembro passado pela revista científica Austral Entomology revelou um novo gênero de formigas-cortadeiras encontradas restritamente na Região Sul do Brasil, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A descoberta faz parte dos resultados de pesquisas desenvolvidas pelos professores do Departamento de Biologia (Debio) Maykon Passos Cristiano e Danon Clemes Cardoso nos últimos 12 anos.
 
Pertencentes à ordem Hymenoptera, classificação que compreende insetos de complexa organização social, como abelhas e vespas, as formigas podem ser consideradas um dos grupos mais significativos da fauna tropical, onde são especialmente abundantes. Compondo aproximadamente 20% da biomassa animal terrestre do planeta (o que supera o peso de toda a humanidade), esses animaizinhos invertebrados, assim como sua relação com o Homo sapiens, são especialidades dos entomologistas.
 
De acordo com os pesquisadores, o impacto econômico negativo que as formigas-cortadeiras exercem sobre as atividades agrícolas é uma das principais justificativas dos estudos empreendidos acerca das espécies. "As folhas cortadas não são consumidas diretamente por elas", explica Maykon. "Esse material vegetal recolhido, por vezes em lavouras, serve como substrato para o cultivo de um fungo reproduzido no interior das colônias, e é dele que as formigas se alimentam". No entanto, ao fazerem isso, dizem os pesquisadores, podem prejudicar o crescimento de novos brotos, impedindo o desenvolvimento correto das plantações.
 
Até 2020, as formigas-cortadeiras foram incluídas em dois gêneros: Atta, conhecido popularmente no Brasil como "saúva", e Acromyrmex, as chamadas "quenquéns". Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma das principais diferenças entre os grupos está na construção do ninho: enquanto as primeiras cavam inúmeras câmaras profundas sob a terra, as outras se contentam com ninhos superficiais de um único núcleo. 
 
Contudo, uma observação aproximada, baseada em características morfológicas, dados citogenéticos (avaliação de cromossomos), moleculares e biológicos de formigas-cortadeiras coletadas no Brasil, Argentina, Uruguai e Bolívia, permitiu a descrição apurada de um terceiro grupo. 
 
"As espécies do gênero Atta podem ser distinguidas pelos dois espinhos no dorso do tórax e pelo abdômen liso. Já aquelas do gênero Acromyrmex apresentam três espinhos no dorso do tórax e tubérculos no abdômen. Além disso, o número de cromossomos também varia entre os dois: Atta possui 11 pares e Acromyrmex, 19", apontam os professores. 
 

imagem_corpo.png

Arquivo pessoal
Ilustração aponta as diferenças entre os três grupos: 10.1371/journal.pone.0059784.g006
 
Na descrição do novo gênero, denominado Amoimyrmex, os autores indicam uma combinação de características dos dois gêneros anteriores: as formigas analisadas possuíam 11 pares de cromossomos e abdômen liso, como os espécimes Atta, porém apresentavam três espinhos no dorso do tórax, como aquelas pertencentes ao Acromyrmex.
 
O nome sugerido pelo estudo surgiu da união dos termos "Amoi", que significa "parente distante" ou "avô" em Guarani, com a palavra "myrmex", do Grego "formiga".
 
"Com isso, Amoimymex se torna o primeiro gênero divergente na história evolutiva das formigas-cortadeiras. Acreditamos que os resultados deste estudo podem contribuir substancialmente para o conhecimento taxonômico das formigas, além de reafirmar a complexidade do grupo", conclui Maykon.
 
PARCERIA – Além dos professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Maykon Cristiano e Danon Cardoso, o estudo teve como coautoras a pesquisadora Vivian E. Sandoval-Gómez, do Museu Queensland, na Austrália, e a egressa do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais Flávia C. Simões-Gomes.
 
O estudo está aberto a toda a comunidade e pode ser lido na íntegra aqui (em inglês). 

 

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