Desenvolvida pelos professores do Departamento de Engenharia Mecânica (Demec), Paulo Henrique Vieira Magalhães e Vinicius de Carvalho Teles, e pela professora do Departamento de Engenharia Civil (Deciv), Ana Letícia Pilz de Castro, a pesquisa iniciada em 2018 visa testar tintas comerciais para a pintura de cascos de navios. O foco principal do estudo foi a redução da bioincrustação, a melhoria da eficiência energética e a diminuição do impacto ambiental das embarcações.
Os estudos foram realizados no Laboratório de Análise Experimental e Simulação de Sistemas (Laess), Laboratório de Hidráulica e Recursos Hídricos (LRH) e Laboratório de Tribologia (LB) da Escola de Minas, em parceria com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), Vale Navegação e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) da Marinha do Brasil.
De acordo com o coordenador geral da equipe, professor Paulo Henrique, a meta era, desde o início, transformar o Laess e os demais laboratórios em centros de referência na avaliação de tecnologias de pintura e bioincrustação, mesmo com a localização afastada da área marítima e o desafio de conquistar a confiança do setor.
Ainda segundo ele, o projeto enfrentou dificuldades como a falta de reconhecimento por parte dos fornecedores de tintas, que não viam a Universidade como um centro de referência. "No começo, comprávamos as tintas para realizar os testes, já que as empresas não acreditavam que estávamos focados na pesquisa de tecnologias para aplicação em navios", explica. Porém, com o passar do tempo, foi possível firmar parcerias importantes com as empresas mundiais do ramo das tintas e contar com o apoio da Vale (por meio do ITV) e do IEAPM da Marinha, o que foi essencial para o desenvolvimento da pesquisa.
Após três anos de trabalho, o projeto alcançou resultados promissores com a aplicação da tinta anti-incrustante de silicone fornecida pela empresa Hempel, que foi adotada pela Vale no navio Liwa Max, um Valemax de 400 mil toneladas de porte bruto. A tinta foi aplicada em janeiro de 2023, na cidade de Duqm, Omã, e teve o processo acompanhado de perto pela pesquisadora Mariana Lopes Pinto, do ITV, para garantir a qualidade da aplicação e o cumprimento dos padrões técnicos.
O impacto do uso da tinta foi notável. Ao longo de 18 meses de operação, o Liwa Max registrou uma redução de 6.700 toneladas na emissão de CO2, conforme as medições realizadas com ferramentas de data analytics desenvolvidas pelo ITV e pela Vale. Além disso, a perda de velocidade do navio foi mínima, mesmo com longas estadias nos portos do Brasil, evidenciando a eficácia da solução adotada.
Esse projeto faz parte do programa Ecoshipping, da Vale, que visa implementar tecnologias para a redução das emissões de gases de efeito estufa no transporte marítimo, alinhando-se às metas de descarbonização da empresa. Como resultado, a pesquisa fortaleceu o papel da UFOP como um centro de referência mundial na área de avaliação de pinturas para navios e contribui para a sustentabilidade do setor de navegação, demonstrando o potencial das soluções inovadoras no caminho para um futuro mais sustentável.