Ir para o conteúdo

Professor de Física da UFOP participa de pesquisa publicada na revista Nature Nanotechnology

Twitter icon
Facebook icon
Google icon
NPG
O professor Matheus Matos, do Departamento de Física da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), é um dos colaboradores de um artigo internacional publicado na revista Nature Nanotechnology, referência nas áreas de nanociência e nanotecnologia.
 
O artigo "Pressure-tuning of minibands in MoS2/WSe2 heterostructures revealed by moiré phonons" — em português: "Ajuste de minibandas utilizando pressão em heteroestruturas de dissulfeto de molibdênio (MoS2) e disseleneto de tungstênio (WSe2) reveladas por fônons de moiré" — foi produzido pelo pesquisador Luiz Gustavo Martins na reta final de seu doutorado em Física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), com supervisão de Riccardo Comin e Jing Kong, ambos do MIT, e participação de colegas pesquisadores.
 
O projeto de pesquisa faz parte de colaborações pré-existentes entre a UFOP, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o MIT. Além de Matheus, também participaram Mário Mazzoni e Luiz Gustavo Cançado, da UFMG; Pedro Venezuela, da Universidade Federal Fluminense (UFF); David Ruiz-Tijerina, da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam); e Connor Occhialini, Ji-Hoon Park, Qian Song e Ang-Yu Lu, do MIT.
 
O grupo tem desenvolvido uma linha de pesquisa sobre materiais bidimensionais sob pressão com o objetivo de modular e descrever suas propriedades. A participação de Matheus está ligada à construção dos modelos teóricos e simulações computacionais. Nesta parte, o professor contou com a colaboração de David Ruiz-Tijerina para "modelar a intensidade de novos sinais — após a determinação dos modos vibracionais relevantes — e como eles se relacionam com o potencial moiré", segundo o próprio David.
 
Na UFOP, a nanociência é estudada pelo grupo de pesquisa The Nanoscale Physics Group, conhecido como Grupo Nano, ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências com ênfase em Física de Materiais (Fimat). Matheus explica que o grupo, composto por cinco professoras e três professores, trabalha em diferentes áreas de pesquisa, na parte experimental e teórica. "Temos dezenas de trabalhos no campo da nanociência, mas a linha de materiais bidimensionais e de nanomateriais de carbono é tema central de nossas pesquisas".
 
"Inclusive fazemos parte da Rede Fapemig de Materiais 2D e do INCT de Nanomateriais de Carbono. A maioria dos nossos trabalhos são realizados com colaborações de pesquisadores com projetos que envolvem teoria e experimento. Isso torna a pesquisa em física mais atrativa e impactante. A modelagem desses sistemas e experimentos observados no laboratório é onde minha pesquisa se encaixa", complementa. 
 
O Grupo Nano é composto pelas professoras e professores Mariana Prado, Ive Silvestre, Ronaldo Batista, Matheus Matos, Alan Barros, Ana Paula Barboza, Jaqueline Soares e Taise Manhabosco, que não pode estar na foto. 
 

grupo_nano.jpg

Divulgação
Professores do Grupo Nano: Mariana Prado, Ive Silvestre, Ronaldo Batista, Matheus Matos, Alan Barros, Ana Paula Barboza, Jaqueline Soares
 
ENTENDA O ARTIGO PUBLICADO - Os pesquisadores investigam heteroestruturas de materiais bidimensionais (2D) que formam padrões moiré em condições de pressão. Padrões de moiré acontecem quando dois materiais 2D, de espessura atômica, são empilhados um sobre o outro com ângulo de rotação entre eles ou quando há incompatibilidade de rede (diferença de comprimentos de ligação entre os átomos) entre as camadas.
 
Esse tipo de construção pode desencadear o surgimento de novos fenômenos físicos nesses materiais. Os pesquisadores buscaram explorar o comportamento emergente nos sistemas de moiré usando pressões extremas, na ordem de gigapascal (GPa).
 
Para contextualizar, o pascal (Pa) é a unidade-padrão usada para medir pressão, e o gigapascal (GPa) é a forma de medida utilizada para valores de pressão muito altos — relação similar ao que ocorre com a diferença entre metro e quilômetro. Inclusive, uma pressão em gigapascal é tão grande que não é comum em nosso cotidiano.
 
Se considerarmos o maior avião de passageiros do mundo, com peso máximo de decolagem, ou seja, o Airbus A380 com 575 toneladas, 1 (um) gigapascal equivale na Terra à pressão exercida por dois aviões deste modelo empilhados em uma área equivalente à de um CD-ROM. 
 

diamante-500_novo.jpg

Matheus Matos
Sistema com diamantes utilizado é capaz de alcançar até perto de 30GPa
 
No trabalho, foi observado que o potencial criado pelos padrões de moiré, devido à diferença de rede entre os materiais, ativa alguns modos normais de vibração de um dos materiais que antes não eram permitidos, que recebem o nome de fônons de moiré. O papel da pressão aplicada para comprimir os materiais (aproximando as camadas) é aumentar a intensidade do potencial de moiré. "Comparando o aumento experimental da intensidade da luz emitida (pelas vibrações) com os cálculos de nosso modelo teórico, conseguimos obter a força do potencial moiré e sua evolução com pressão", explica Luiz Gustavo Martins. 
 
Assim, tem-se uma maneira de controlar esse potencial e de medi-lo através de técnicas como a espectroscopia Raman. Esse tipo de controle de propriedades em materiais bidimensionais pode ser essencial para o entendimento desses sistemas e de fenômenos emergentes em estruturas com padrões de moiré, que apresentam propriedades interessantes, como a supercondutividade. 
 
Supervisor do estudo, Riccardo Comin ressalta a importância da técnica desenvolvida para sondar os sistemas, que é "metodologicamente semelhante aos métodos de cristalografia de raios X em proteínas, que permitem aos biólogos saber onde estão os átomos nas proteínas e como eles vão funcionar".
 
Para mais informações, acesse o artigo da Nature e também os materiais publicados pelas outras instituições envolvidas no projeto, como o do MIT e o da UNAM.
 
NATURE NANOTECHNOLOGY - É uma revista interdisciplinar de periodicidade mensal que publica artigos considerados da mais alta qualidade e importância em todas as áreas da nanociência e nanotecnologia. A revista cobre pesquisas sobre design, caracterização e produção de estruturas, dispositivos e sistemas que envolvem a manipulação e controle de materiais e fenômenos em escalas atômica, molecular e macromolecular. Também incentiva a troca de ideias entre pesquisadores que atuam nas fronteiras desse campo diversificado e multidisciplinar. Além da pesquisa primária, a Nature Nanotechnology também publica artigos de revisão, notícias e opiniões, destaques de pesquisa publicados em outros periódicos, comentários, resenhas de livros, correspondência e artigos sobre o cenário mais amplo da nanotecnologia, sendo uma das revistas mais influentes do mundo sobre o tema. 

 

Veja também

18 Novembro 2024

O Laboratório de Análise Sensorial da Escola de Nutrição da UFOP convida voluntários para experimentar e avaliar geleias mistas de...

Leia mais

14 Novembro 2024

O evento discutiu sobre os nove anos do rompimento da barragem de Fundão, dentro da programação do IV Encontro do...

Leia mais

14 Novembro 2024

Os professores da UFOP Evandro Medeiros Laia, do Departamento de Jornalismo (Dejor), e Éden Peretta, do Departamento de Artes Cênicas...

Leia mais

13 Novembro 2024

A estudante do curso de Engenharia de Computação do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (Icea) da UFOP Graziele de...

Leia mais