O primeiro mês de atuação do Projeto Navegação Ampliada para Vigilância Intensiva e Otimizada (Navio) nas comunidades ribeirinhas mostrou resultados positivos. Foram mais de 400 atendimentos médicos e odontológicos feitos na primeira expedição, que seguiu em direção ao Tramo Sul do Rio Paraguai, com paradas nas comunidades de Porto Murtinho, Forte Coimbra, Porto Esperança, Porto Morrinho e Porto Manga. O projeto oferece suporte na ampliação da assistência à saude já prestada pela Marinha do Brasil aos Ribeirinhos, além de contribuir com as Secretárias Estaduais de Saúde (SES) do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso na detecção de patógenos nestas comunidades.
A UFOP participa como colaboradora do projeto, sendo representada até o momento pelo professor Alexandre Reis, do Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas (Nupeb) da UFOP, pelo professor Sérvio Pontes Ribeiro, também do Nupeb, e pelos estudantes de pós-graduação Amanda Ferreira, Alex Chavier e Rafaela Moreira.
O Laboratório de Parasitologia do projeto realizou 111 exames parasitológicos de fezes (EPFs), empregando três métodos de diagnóstico para cada paciente. Das amostras analisadas, 80,2% testaram positivo para parasitos (protozoários ou helmintos) patogênicos causadores de infecções intestinais. A análise vai possibilitar o planejamento de ações de tratamento a curto, médio e longo prazo para melhorar a qualidade de vida dessas populações, incluindo a questão do acesso a água potável e a construção de fossas sépticas.
O professor Alexandre Reis e a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Cbiol), Amanda Ferreira, são os responsáveis por esse diagnóstico parasitológico laboratorial. "Nós estamos fazendo o levantamento de doenças parasitárias intestinais, empregando três métodos de EPFs, com o objetivo de verificar a prevalência de infecções parasitárias intestinais de veiculação hídrica, denominadas de Doenças de Determinação Social (DDS) de veiculação hídrica", afirmou o professor.
As atividades têm sido realizadas em três navios da Marinha do Brasil: o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) "Tenente Maximiano", o Navio de Apoio Logístico Fluvial (NApLogFlu) "Potengi" e o Navio-Transporte Fluvial "Paraguassu", sob a responsabilidade dos comandantes Igor Cobellas, Thiago Moret e Jackson Silva, respectivamente.
A ampliação das ações de vigilância e assistência é a principal proposta do programa. Até o momento, foram ampliadas as ações de testagem rápida para sífilis, HIV, hepatites, hanseníase, malária, leishmaniose visceral e doença de Chagas; sorologia e biologia molecular para dengue, chikungunya, zika, febre amarela, febre do Nilo; diagnóstico parasitológico por microscopia para malária, doença de Chagas; exames parasitológicos de fezes; identificação de fungos por microscopia em biópsias de pele; vigilância entomológica, animal e ambiental com captura e identificação de insetos transmissores de doenças; avaliação da sanidade de animais domésticos e silvestres; e análise da qualidade da água dos rios utilizada para consumo.
Em relação à assistência em saúde, a primeira expedição identificou demandas da população que estarão sendo supridas nas próximas viagens com inclusão de profissionais especializados. Dentre as demandas foi apontada a necessidade de ampliar as ações relacionadas à saúde da mulher, fornecendo futuramente autocuidado para prevenção do câncer de mama e colo de útero; oftalmologia com avaliação de doenças de visão e suporte para produção de óculos; saúde mental com psiquiatra disponível para consultas; pequenas cirurgias; farmácia clínica etc.
Seguindo o planejamento, o projeto inicia expedição para o Tramo Norte em fevereiro de 2024, para atender 12 comunidades ribeirinhas entre os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.