O Brasil iniciou, em 2025, de forma inédita, seu primeiro Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (Enasam-U). Com o lema "Por uma comunidade acadêmica saudável", o estudo abrange estudantes e servidores de 50 universidades públicas de todo o Brasil, com idades entre 18 e 75 anos. Este mês, a pesquisa acontece na região sudeste do país, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
A pesquisa busca compreender os efeitos e os desafios de saúde mental enfrentados nas universidades para direcionar esforços na construção de uma universidade mais acolhedora, inclusiva e produtiva. Para isso, os pesquisadores irão coletar informações detalhadas em dois momentos: primeiro, com o envio de um questionário on-line para estudantes e servidores selecionados por sorteio aleatório; depois, com entrevistas diagnósticas por telessaúde para avaliação da saúde mental.
A investigação tem na coordenação nacional o pró-reitor de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávio Kapczinski, que enfatiza a importância de compreender a realidade da saúde mental nas universidades. "Conhecer esse cenário nos permitirá ter um panorama representativo da realidade brasileira, o que certamente apoiará no redirecionamento de políticas públicas no campo da saúde mental, em âmbito regional e nacional", explica ele.
A pesquisa conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é coordenada por pesquisadores da UFRGS e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na região sudeste, foram sorteadas 14 universidades públicas, que representarão toda a comunidade universitária. São elas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO), Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e Universidade Federal de Itajubá (Unifei).
ABRANGÊNCIA NACIONAL - Ao todo, serão coletados dados em 50 universidades públicas em todo o Brasil, sendo esperada a participação de 15 mil voluntários. O estudo segue todos os critérios éticos e assegura privacidade e confidencialidade aos participantes. Seu início se dará, em cada localidade, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
Para viabilizar o rastreamento em todo o território brasileiro, foi consolidada a Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam), que tem um importante papel de articular grupos de pesquisa para o desenvolvimento e inovação em saúde mental. Além disso, a rede visa conduzir estudos inovadores e disseminar informações atualizadas para aumentar a conscientização sobre o tema e romper o estigma associado a questões mentais.
SOBRE A RENASAM - A rede de pesquisa tem como objetivo desenvolver, articular, multiplicar e disseminar conhecimento científico e tecnológico em saúde mental. Lançada em maio de 2024, a Renasam conta com 50 pesquisadores de todas as macrorregiões brasileiras. Nos próximos dois anos serão realizados dois grandes projetos: o Enasam-U e o Enasam.
O segundo estudo será o primeiro a avaliar a frequência de diagnósticos de saúde mental em todo o território nacional. Serão realizadas oito mil entrevistas de triagem presencial conduzidas em domicílios selecionados aleatoriamente. Em seguida, será realizada uma entrevista on-line síncrona conduzida em uma subamostra aleatória de indivíduos que responderam à triagem.