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Pesquisa analisa milhares de sequências da principal proteína do novo coronavírus

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Estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica do grupo de pesquisa de "Nanobiotecnologia aplicada ao diagnóstico molecular de vírus" do Laboratório de Biologia e Tecnologia de Micro-organismos (LBTM), do Departamento de Ciências Biológicas (DECBI) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), analisaram 2.363 sequências da proteína spike do novo coronavírus (SARS-CoV-2) provenientes em todos os cinco continentes. O trabalho foi realizado em parceria com os pesquisadores Luiz Felipe Leomil Coelho, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), e Arturo Reyes-Sandoval, da Universidade de Oxford (Inglaterra). O artigo encontra-se em revisão, em revista especializada, e apesar de não ter sido revisado pelos pares, está disponível em versão preprint
 
O objetivo das análises foi identificar as mutações na proteína spike em amostras isoladas de diferentes continentes e apontar as regiões desta proteína que podem ser identificadas pelo sistema imunológico dos seres humanos, para a geração de uma resposta do nosso organismo contra o vírus. 
 
"PROTEÍNA SPIKE" - Também chamada "proteína S", é a proteína que o vírus utiliza para infectar as células do ser humano. Segundo o doutorando Ricardo Lemes Gonçalves, um dos autores do trabalho, essa proteína é literalmente a chave que o novo coronavírus possui para invadir o nosso organismo. "Essa chave não é nova, há algumas décadas atrás, seu primo SARS já a possuía. Entretanto, o SARS-CoV-2 tornou-a mais eficiente, fato considerado um dos principais motivos por ele ter causado tantos problemas desde o final de 2019. Agora é muito importante monitorar como o vírus está usando essa chave em todo o mundo e se há possibilidade de um novo aprimoramento, o que poderia ser ruim para nós, seres humanos", explica, completando que essa proteína é o alvo mais promissor quanto à indução de anticorpos para o desenvolvimento de vacinas e de métodos de diagnóstico direto. 
 
 
 
 
 

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Modelo computacional da ligação
Segundo o coordenador do estudo, o professor da UFOP Breno de Mello Silva, quando o vírus é isolado dos pacientes, o material genético é extraído e analisado usando a técnica de sequenciamento de DNA. "Existem alguns bancos de dados públicos nos quais os pesquisadores do mundo todo depositam informações sobre o material genético dos vírus isolados de pacientes na medida que eles são sequenciados". 
 
VACINA - Os resultados do estudo representam mais uma peça a ser integrada ao grande quebra-cabeça que é a busca por estratégias mais eficientes para o desenvolvimento de vacinas, terapias e testes sorológicos de diagnóstico baseados na proteína spike do SARS-CoV-2. Segundo o professor, essa foi uma maneira de não interromper as pesquisas durante o período de isolamento social e de gerar dados para a continuidade dos estudos do grupo, contribuindo com o enfrentamento à Covid-19.
 
Os dados obtidos foram tratados e analisados com ferramentas de bioinformática. Utilizando essas ferramentas, a equipe conseguiu caracterizar 44 variações em resíduos de aminoácidos e identificar diversos epítopos em predições antigênicas.
 
ISOLAMENTO SOCIAL - Devido ao isolamento social, o grupo se organizou para realizar a pesquisa com ferramentas de comunicação on-line, utilizando servidores de análise computacional, além dos bancos de dados públicos que contém sequências virais. 
 
O professor destaca que "o grupo já realizava pesquisas similares para outros vírus de importância médica, como o da Zika e o da dengue. Quando a pandemia foi declarada pela OMS, nosso grupo só precisou mudar o foco das pesquisas para este vírus, uma vez que a prioridade máxima neste momento é o combate a esta terrível doença. Portanto, este é um bom exemplo da importância do investimento na ciência brasileira. Quando há equipes formadas, capacitadas e preparadas, elas podem se adaptar com facilidade para contribuir com a sociedade". 
 
A experiência de trabalho remoto se mostrou válida, segundo o doutorando em biotecnologia Ricardo Lemes Gonçalves. "Com o isolamento social, logo pensamos em formas de contribuir com o engajamento mundial no enfrentamento à Covid-19. Mesmo com o afastamento do laboratório, foi uma experiência muito boa, pois conseguimos elaborar um fluxo de trabalho organizado com divisões de tarefas. Dessa forma, foi possível que os coautores que haviam retornado às suas cidades, mesmo em outros estados, como Bahia e Rio de Janeiro, pudessem contribuir na realização deste trabalho. Agora esperamos retornar à bancada para começar a segunda parte desta pesquisa", acrescenta. 
 
O grupo já iniciou pesquisas para o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico direto do vírus SARS-Cov-2 com a utilização de dados deste trabalho e o uso de nanotecnologia, que também é uma das especialidades da equipe, porém, necessitam de apoio financeiro aos projetos, enviados para agências de fomento. 
 
Assista ao vídeo produzido sobre a pesquisa:

 

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