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Pesquisas que analisam posts das eleições 2020 nos EUA são apresentadas em eventos internacionais

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NPG
As pesquisas têm autoria de Renan Saldanha e José Martins, estudantes do curso de Engenharia da Computação do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (Icea), em João Monlevade. 
 
O trabalho de Renan foi aprovado na International Conference on Advances in Social Networks Analysis and Mining, que acontecerá em Istambul, na Turquia, entre 10 e 13 de novembro. Já o de José foi aprovado na International Conference on Social Informatics, que aconteceu entre 19 e 21 de outubro, em Glasgow, na Escócia.
 
Inspiradas em estudos realizados na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, que tratam da análise de posts na rede social Twitter sobre alegações de fraudes nas eleições estadunidenses de 2020, as publicações dos estudantes da UFOP tiveram como foco aspectos não explorados sobre o tema. Os trabalhos foram orientados pelo professor Carlos Henrique Gomes Ferreira, do Departamento de Computação e Sistemas (Decsi). 
 
Na pesquisa, Renan analisou a eficácia do Twitter em conter a propagação de informações falsas sobre fraudes eleitorais, através da suspensão de contas que propagavam discursos falsos. O professor Carlos Henrique explica que os grupos de usuários agiam de forma bem estruturada na plataforma, com fortes evidências de coordenação para retuitar as alegações de fraude. Os usuários foram divididos em três classes: os que tiveram as contas suspensas por violarem as políticas de uso da rede; os que tiveram a conta deletada, provavelmente perfis falsos criados apenas para a disseminação das alegações; e os usuários que, apesar de demonstrarem padrões de comportamento parecidos, não sofreram nenhum tipo de interferência nas contas. 
 
Carlos destaca, ainda, que as semelhanças entre os conteúdos podem evidenciar uma falha na estratégia adotada pela plataforma. "Embora os usuários com contas excluídas e suspensas sejam mais homogêneos em termos de comportamento do que os ativos, há uma fração de usuários bastante representativa nas três classes que apresentam comportamento muito semelhante. Isso sugere que as soluções empregadas pelo Twitter na época podem não ter sido efetivas em suspender essas contas." 
 
Por outro lado, a pesquisa de José investigou como grupos específicos de usuários eram atraídos para as discussões sobre fraude eleitoral. Foram observados padrões temporais e de comunicação, ao longo de sete semanas. Foram identificados 25 tópicos de discussão, que variavam entre discussões momentâneas, que surgiam esporadicamente, e outras de ocorrência frequente. Um dos exemplos de tópicos recorrentes citados pelo professor é o das alegações de fraudes de votos em relação à pessoas mortas.
 
"Apenas o nome da pessoa, a cidade e o ano da morte eram substituídos a cada tweet, reforçando a ideia de que muitos casos de votos por parte de pessoas mortas estavam ocorrendo em diversas regiões dos Estados Unidos. Ademais, esses tweets eram compartilhados com palavras que, do ponto de vista psicolinguístico, visavam chamar a atenção, reforçar a ideia de ansiedade, tristeza, preocupação, entre vários outros aspectos", explica Carlos. 
 
É possível ainda traçar um paralelo entre as pesquisas e a situação vivida no Brasil. Este ano, o país vive um processo eleitoral conturbado, no qual as urnas eletrônicas e o sistema de votação sofreram ataques, especialmente nas redes. O Tribunal Superior de Justiça (TSE) inclusive organizou uma campanha em conjunto com as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), em defesa da democracia e da justiça eleitoral.
 
A tensão do processo eleitoral atual pode afetar o comportamento dos usuários nas plataformas de mídias sociais, fazendo com que estes possam ser incentivados a compartilhar informações sem antes checar a veracidade dos fatos. Autor de uma das pesquisas, José ressaltou a importância que o trabalho pode ter para alavancar outros estudos. "O tema principal, que é a análise da discussão sobre fraudes, é muito relevante. Essa metodologia pode ser replicada para outros contextos políticos de outros países".
 
Carlos propõe também uma reflexão sobre com quantos casos de desinformação nos deparamos cotidianamente durante esse período e relembra que este é um grande desafio para os profissionais que atuam para conter esse tipo de conteúdo, especialmente por se tratar de um grande volume de dados, que muitas vezes necessita de interpretação humana. 
 
"Existe um apelo muito grande por soluções computacionais capazes de lidar com isso, que, por outro lado, não são triviais de serem desenvolvidas. As estratégias de comunicação e disseminação desse tipo de conteúdo mudam e variam a cada plataforma", conclui o professor.  

 

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