O trabalho intitulado "Cultura ouropretana ou cultura para Ouro Preto? Uma análise do alcance da infraestrutura cultural para a comunidade local" foi desenvolvido pelo aluno do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada (PPEA) da UFOP, Marco Aurélio Xavier Pinto. O objetivo foi analisar a relação entre a condição socioeconômica de um indivíduo e o número de vezes que ele tem acesso a bens e eventos culturais, a fim de contribuir para ampliar o debate sobre o acesso do público aos eventos gratuitos da cidade.
Foram entrevistados 248 alunos de cursos técnicos e profissionalizantes, de diferentes faixas etárias, moradores de diversas localidades de Ouro Preto. O método utilizado para determinar os capitais atribuídos aos entrevistados é chamado de estatística descritiva, que consiste na análise de relatórios, quadros, gráficos e indicadores numéricos.
Os estudos mostram que há uma relação positiva entre a frequência de idas a centros culturais e capital cultural próprio, herdado e capital econômico. Marco explica a diferença entre os três. “O capital próprio é adquirido pelo indivíduo por meio de educação, leituras e dedicação aos estudos. Já o capital herdado é adquirido indiretamente através dos hábitos familiares, como escolaridade, profissões e aptidões dos pais, e o capital econômico corresponde aos recursos econômicos disponíveis, como dinheiro, bens materiais, posses, entre outros”. Além destes, o aspecto social ajuda a entender que a frequência a eventos culturais não está necessariamente atrelada a fatores individuais ou de origem familiar.
Para a orientadora da dissertação e professora do PPEA da UFOP, Francisca Viana, o projeto é importante “do ponto de vista econômico para contribuir com a discussão sobre diversificação produtiva da Região dos Inconfidentes, pois diante da crise socioeconômica e ambiental oriunda do setor de mineração, o fortalecimento da cadeia produtiva do turismo se torna uma alternativa viável, e faz parte deste fortalecimento um maior sentimento de pertencimento por parte de quem nasceu/cresceu e/ou mora na cidade; do ponto de vista social, é servir como fundamento para políticas públicas (sobretudo municipais) que visem o aproveitamento de toda a riqueza histórico-cultural de Ouro Preto para obtenção de ganhos em termos de capital social”.
O trabalho foi coorientado pelo professor do Departamento de Estatística (DEEST) da UFOP, Ivair Silva e participaram da banca a professora do Departamento de Economia (DEECO) da UFOP, Mirian Ribeiro e a professora do Departamento de Geografia da UFMG, Diomira Faria.