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Mulher e ciência

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O 8 de março é uma data para relembrar todas as grandes manifestações idealizadas por mulheres no início do século XX, todas as conquistas políticas e sociais e também todas as perdas ao longo da história. Ainda há muito a se conquistar, muito o que se combater, mas a gradual evolução na luta pela emancipação das mulheres está visível. 
 
A realidade da mulher brasileira não é fácil. Segundo dados do IBGE, em 2018 elas representavam praticamente metade da força de trabalho do país, mas ganhavam 79.5% do total do salário pago aos homens. Elas também são sub-representadas nos cargos gerenciais:  em 2016, 62,2% dos homens ocupavam cargos de chefia, contra 37,8% por mulheres. Há ainda as práticas machistas enfrentadas dentro do ambiente de trabalho, além da pressão para conciliar vida familiar e trabalho/estudo.
 
Fora do trabalho também não é fácil, pois o Brasil possui a quinta maior taxa de feminicídio no mundo, segundo a ONU. É importante mostrar a realidade, apresentar dados e os desafios pelos quais as mulheres passam diariamente para que essa situação possa ser mudada e seus direitos reconhecidos.
 
Apesar dos desafios, na educação superior, elas são maioria. Os dados do Censo da Educação Superior referentes a 2017 mostram que elas são 55% dos estudantes ingressantes, 57% dos matriculados e 61% dos concluintes dos cursos de graduação. Na licenciatura, 70,6% das matrículas são de estudantes do sexo feminino.
 
Elas estão inseridas mais do que nunca no meio científico e representam um importante diferencial para a sociedade, para a universidade e para o futuro de todos.
 
MULHERES NA UFOP - Na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), por exemplo, a lista de mulheres matriculadas na primeira chamada em 2019 foi de 42,63%, em 2020, de 43,04%. E a presença delas não passou em branco.
 
O curso de Farmácia é um dos mais tradicionais da Instituição e ganha ainda mais importância dentro e fora da academia devido aos últimos acontecimentos naturais e epidemiológicos. É nessa área que atua uma das pesquisadoras que devem ser destacadas neste dia: a professora Jacqueline de Souza, que foi reconhecida com o prêmio Láurea "João Florentino Meira de Vasconcelos de Inovação Farmacêutica".
 
A ex-aluna de Direito Lohany Dutra Amorim também foi reconhecida pela qualidade da pesquisa que realiza, ganhando um prêmio no IX Congresso Brasileiro de Direito Médico por um artigo de sua autoria. As estudantes do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UFOP Talita Cristina e Bruna Januário inovaram e buscaram um meio de o jovem se interessar e se sensibilizar com as questões ambientais. Elas desenvolveram uma cartilha sobre o descarte incorreto de medicamentos e suas possíveis interferências na saúde e no meio ambiente. O projeto todo foi desenvolvido por mulheres, sob a orientação da professora Cristina de Oliveira.
 
Débora Nasser Diniz, aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação, recebeu o prêmio de melhor trabalho de estudante na área de Inteligência Artificial e Sistemas de Suporte à Decisão. A aluna propôs um algoritmo para detectar núcleos em imagens de células obtidas em exames de Papanicolau. A ideia é reduzir os desafios do exame. A pesquisa dela é um dos vários exemplos — somente na UFOP — de que a ciência importa para a mulher assim como a mulher importa para a ciência, já que com essa descoberta diversas mulheres serão beneficiadas.
 
A professora do programa de Pós-Graduação em Letras Soelis Teixeira coordena o projeto "Estudo de Fenômenos Linguísticos da Língua Portuguesa: o passado como fonte para o entendimento do presente", que trata da língua portuguesa falada na região dos Inconfidentes. O tema é pesquisado por ela desde 1996, por meio da comparação de manuscritos antigos com o falar contemporâneo, ratificando as mudanças da língua portuguesa. Além da pesquisa, a professora transcreve esses manuscritos de forma que se tornem acessíveis ao leitor contemporâneo.
 
As professoras de Física Jaqueline dos Santos Soares e Taise Manhabosco desenvolveram uma pesquisa que pode melhorar a vida de pessoas que necessitam de próteses ortopédica e dentária, tornando-as mais baratas, duráveis e resistentes, usando somente pedra-sabão, recurso comum na Região dos Inconfidentes e muito explorado no artesanato local. Jaqueline ganhou o prêmio L'oréal-unesco-ABC para Mulheres na Ciência 2018 na categoria Física.
 
A aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Carla Teixeira Silva desenvolveu uma pesquisa que mostrou que, com o consumo diário da polpa do açaí, é possível uma redução das lesões características da artrite reumatoide e um aumento das células reguladoras do sistema imune.
 
Neste dia de memórias de luta, a UFOP destaca essas mulheres que, ao lado de tantas outras, fazem a diferença na Universidade pública a cada dia e são fundamentais no pilar de ensino, pesquisa e extensão. Continuem mudando o mundo!

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